Nova Diretiva 2024/1275 EPBD: O papel da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) no setor da construção

A Ecoinside evidencia as oportunidades da nova EPBD, que impulsiona a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) como uma ferramenta essencial para tornar os edifícios mais sustentáveis, eficientes e preparados para o futuro.

Com a urgência de mitigar os impactes das alterações climáticas, a União Europeia tem vindo a reforçar as suas políticas de sustentabilidade no setor da construção. Uma das iniciativas mais recentes é a revisão da Diretiva Europeia de Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD – Energy Performance of Buildings Directive), que introduz metas ambiciosas para a eficiência energética e sustentabilidade dos edifícios.

 

O que é a EPBD e o que muda?

A 2024/1275 EPBD é uma diretiva da União Europeia (UE) que estabelece requisitos mínimos para o desempenho energético dos edifícios. O seu principal objetivo passa por promover a neutralidade carbónica dos Estados Membros até 2050 e garantir que os edifícios sejam mais eficientes em termos energéticos, reduzindo drasticamente as emissões de carbono.

Pela primeira vez, o grande destaque da nova EPBD é o foco no impacte ambiental dos edifícios ao longo de todo o seu ciclo de vida. A diretiva estabelece que todos os novos edifícios devem ser neutros em carbono a partir de 2030, enquanto os edifícios públicos devem cumprir esse requisito já em 2028. Posto isto, é aqui que a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) ganha um papel crucial.

A Relevância do ACV na Implementação da EPBD

O ACV é uma metodologia que permite avaliar o impacte ambiental dos componentes de um edifício desde a extração das matérias-primas, passando pela construção e uso, até à sua demolição e descarte. Esta abordagem abrangente vai além do desempenho energético, ajudando a medir outros impactes, como emissões de gases de efeito estufa e o consumo de recursos naturais.

A obrigatoriedade de calcular este parâmetro inicia-se em 2028 para os edifícios com mais de 1 000 m², estendendo-se para todos os edifícios novos a partir de 2030. Com a EPBD a exigir uma avaliação mais holística da sustentabilidade dos edifícios, o ACV torna-se essencial para:

🏢 Definir soluções construtivas mais eficientes: Avaliar o impacte ambiental de materiais como cimento, aço e madeira para identificar opções com menor pegada ecológica.

🌍 Projetar edifícios com menor impacte global: Reduzir o impacte ambiental durante a construção, utilização e fim de vida.

📜 Cumprir requisitos regulamentares: Demonstrar conformidade com as novas exigências da EPBD relacionadas com a sustentabilidade e desempenho de carbono ao longo do ciclo de vida.

💡 Promover a inovação no setor: Incentivar práticas e tecnologias construtivas mais sustentáveis.

📉 Reduzir os custos do ciclo de vida dos edifícios: Ao analisar todas as fases do ciclo de vida, é possível otimizar o uso de materiais e energia, resultando em maior eficiência a longo prazo.

 

Benefícios para o Setor da Construção

Ao alinhar-se com a EPBD e integrar o ACV como ferramenta estratégica, o setor da construção tem a oportunidade de liderar a transição para uma economia mais verde. Para além de assegurar conformidade com a legislação, as empresas que adotarem estas práticas poderão beneficiar de:

✅ Redução de custos operacionais: Edifícios mais eficientes consomem menos energia e recursos.

✅ Obtenção de certificações: Permite a obtenção de Declarações Ambientais de Produto (DAP), ou Environmental Product Declarations (EPD), reforçando a credibilidade e o compromisso com a sustentabilidade.

✅ Competitividade no mercado: A sustentabilidade tornou-se um critério decisivo para investidores, consumidores e parceiros.

✅ Contribuição para metas globais: Apoio ao cumprimento das metas climáticas e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

✅ Maior valorização dos ativos imobiliários: Edifícios sustentáveis tendem a ter uma valorização superior no mercado, tornando-se mais atrativos para compradores e investidores.

 

Exemplo prático: SECIL

Um dos exemplos práticos no contexto português é o da SECIL, uma das principais empresas no setor de materiais de construção. Em 2024, a SECIL registou quatro novas Declarações Ambientais de Produto (DAP) no Sistema DAPHabitat. Estas DAP garantem que os materiais fornecidos pela empresa atendem aos critérios ambientais necessários para construções mais responsáveis. Ao liderar a implementação das DAP, empresas como a SECIL não só facilitam o cumprimento das exigências da EPBD, mas também promovem uma cadeia de valor mais sustentável em toda a indústria. Além disso, esta iniciativa pode servir de referência para outras empresas do setor que pretendem antecipar-se às exigências da EPBD e diferenciar-se no mercado.

 

O Futuro dos Edifícios Sustentáveis

A nova EPBD é mais do que uma regulação – é uma oportunidade para repensar a forma como projetamos, construímos e utilizamos os edifícios. Como o futuro da construção não é apenas sobre eficiência energética – é sobre criar edifícios que respeitem o planeta em todas as etapas da sua existência – a Ecoinside pode apoiá-lo a obter a sua DAP e a agir de forma estratégica para minimizar os danos e otimizar o processo produtivo.

 

Pedro Mesquita Gomes e Maria Seabra | Sustainability Department

 

FONTE:

Edifícios e Energia

 

 

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