Bazuca ou Vitamina: o futuro é agora

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mais conhecido como “Bazuca”, e, mais recentemente re-apelidado de “Vitamina”, esteve em discussão pública, até à passada segunda-feira, 8 de março, cabendo agora ao Governo analisar as sugestões recebidas e preparar a versão final do documento a aprovar em Bruxelas.

Este plano, extenso e complexo, já se sabe, tem três vertentes sobre as quais se debruça especialmente e pretende ser a arma que falta para o reavivar da economia – a tão aguardada retoma – e uma peça fundamental na resolução de problemas estruturais, através da aplicação, na próxima década dos 58 mil milhões a que Portugal terá direito, o que significa, por ano, a entrega de cerca de 6 mil milhões de euros aos setores público e privado.

Acontece que, apesar de Bruxelas afirmar que os fundos europeus tão esperados, em especial neste momento tão desafiante para as empresas, poderão chegar a Portugal mesmo antes do verão, caso se agilizem processos estima-se que a “Bazuca” comece a ser utilizada pelas empresas apenas no segundo semestre de 2022, mais ou menos daqui a um ano e meio, portanto.

Se, por um lado, será importante que os processos sejam agilizados, de modo a que as empresas possam recorrer a estes fundos, parece-me ainda de maior importância que os empresários não deixem de utilizar as verbas que estão ainda disponíveis. Este é o caso dos fundos comunitários do Portugal 2020, que dispõe ainda de mais de 11 mil milhões de euros para investimentos; ou de fundos privados, como é o caso daquele de que dispõe a Ecoinside para possibilitar que as empresas interessadas possam apostar na instalação de centrais solares fotovoltaicas e na transição energética a custo zero – são 15 milhões de euros, que quase não foram ainda utilizados.

Num momento de crise iminente em que mais do que nunca é importante apostar na retoma da economia, na liquidez, no investimento com vista a empresas mais eficientes e resilientes, em serviços mais adaptados às pessoas e numa economia mais verde, é fundamental não adiar o investimento, não deixar para depois os planos de inovação e desenvolvimento, mas, antes, implementá-los agora. Façamos a economia mexer, estimulemos as empresas a avançar e a desenvolverem-se e fomentemos um tecido social mais justo, de modo a que o futuro possa ser mais risonho que o presente.

António Cunha Pereira (CEO | ECOINSIDE)

Dinheiro Vivo Online | 23 MARÇO 2021

Partilhar