Nos últimos anos a Ecoinside teve um crescimento notável. Que balanço faz deste percurso?
O balanço que faço é extremamente positivo. A Ecoinside surgiu em 2005, quando comecei a participar num curso de empreendedorismo. Na altura, o conceito de empreendedorismo em Portugal ainda estava a dar os primeiros passos e, por isso, começar algo novo foi um grande desafio. Em 2006, fundámos a empresa, inicialmente com um foco puramente em serviços, num modelo mais clássico de consultoria. No entanto, como qualquer startup, tivemos os nossos altos e baixos, e o grande teste à nossa resiliência veio com a crise económica de 2012-2014, resultante do colapso financeiro global e da crise da dívida soberana que atingiu Portugal.
Nessa altura, o mercado português estagnou, e nós sentimos esse impacto diretamente. Tínhamos contratos importantes com empresas como o Banco Espírito Santo e o BPI, mas a crise forçou-nos a repensar a nossa abordagem. Foi nesse momento que decidimos transformar o modelo de negócio da Ecoinside, deixando de ser uma empresa apenas de serviços e passando a ser uma Energy Service Company (ESCO), seguindo o modelo americano. Passámos a identificar oportunidades de eficiência energética nas empresas, mas, mais do que isso, a implementar as soluções que sugeríamos, o que nos permitiu oferecer um serviço muito mais completo. Este processo de transformação foi decisivo para o nosso crescimento nos anos seguintes.
O que mudou especificamente com essa transformação do modelo de negócios?
A grande mudança foi que deixámos de ser uma empresa de serviços tradicionais para nos tornarmos uma empresa que oferece soluções completas de eficiência energética. Isso significa que, além de fazermos diagnósticos e recomendações, começámos também a implementar essas soluções.
Nos últimos anos, a questão da sustentabilidade tornou-se cada vez mais central nas empresas. Como é que tem sido a receção dessas soluções?
A sustentabilidade passou de uma tendência para uma necessidade. Há dez anos, quando falávamos de eficiência energética ou ecoeficiência, muitas empresas viam estas questões como uma “moda” ou algo acessório. Hoje, a sustentabilidade é quase uma obrigação. Os clientes finais, especialmente no mercado europeu, são cada vez mais exigentes em relação à pegada ecológica dos produtos que consomem. Isso força as empresas a serem mais transparentes e a adotar práticas mais sustentáveis.
O que estamos a ver agora é que empresas de diferentes setores — desde o têxtil até à indústria automóvel — têm de responder a estas novas exigências do mercado. Felizmente, nós antecipámos essa tendência, e isso colocou-nos numa posição muito forte para oferecer soluções que realmente fazem a diferença. Hoje em dia, o mercado para soluções de sustentabilidade e ecoeficiência é enorme, e as oportunidades são muitas.
Pode explicar melhor o conceito de “ecoeficiência” e como ele é aplicado nos vossos projetos?
O conceito de ecoeficiência está no centro da nossa filosofia desde que fundámos a Ecoinside. Ele significa, em termos simples, ser eficiente a nível económico e ecológico ao mesmo tempo. Quando começámos, em 2006, muitas empresas viam as questões ambientais como um custo, algo que tinham de fazer por causa de regulamentos, mas que não trazia um retorno claro. Nós defendíamos uma visão diferente: acreditávamos que era possível para as empresas reduzirem o seu impacto ambiental e, ao mesmo tempo, obterem ganhos económicos.
Por exemplo, hoje em dia falamos muito de eficiência energética ou de energias renováveis, mas há outras áreas, como a gestão eficiente da água, que ainda não têm tanta visibilidade. Contudo, à medida que o custo da água aumenta e as tecnologias para a sua gestão se tornam mais acessíveis, acreditamos que estas soluções também serão uma parte importante da nossa oferta. O nosso objetivo é ajudar os nossos clientes a pouparem dinheiro enquanto fazem a sua parte na preservação do ambiente.
A tecnologia tem um papel fundamental nas soluções que oferecem. Que tipos de tecnologias têm utilizado mais recentemente?
A tecnologia está sempre em evolução, e isso afeta diretamente o nosso trabalho. No início, fazíamos muito trabalho a nível da iluminação, substituindo lâmpadas convencionais por LEDs, que era a solução de eficiência energética mais imediata e fácil de implementar. Hoje, esse tipo de tecnologia já está amplamente difundido, e o mercado está mais maduro.
Atualmente, estamos muito focados em soluções como os sistemas fotovoltaicos para autoconsumo e as baterias para armazenamento de energia. Estas são tecnologias que permitem às empresas gerar a sua própria energia durante o dia e armazená-la para usar à noite ou em momentos de maior necessidade. Para empresas com grandes áreas de produção ou com consumos elevados, estas soluções são uma forma eficaz de reduzir os custos energéticos e também de diminuir a dependência da rede elétrica.
Olhando para o futuro, acreditamos que o hidrogénio em pequena escala e a eletrificação das frotas automóveis serão as próximas grandes tendências. Essas tecnologias ainda estão numa fase inicial em Portugal, mas estamos atentos ao seu desenvolvimento, e já temos alguns projetos em fase de teste.
A Ecoinside também tem estado ativa na área da mobilidade elétrica. Pode falar-nos mais sobre isso?
Sim, a mobilidade elétrica é uma área em que temos crescido bastante. Estamos a trabalhar não só com empresas, mas também com autarquias e condomínios. Um dos projetos mais interessantes que temos em curso é a instalação de postos de carregamento para veículos elétricos em vários municípios. Muitas câmaras municipais estão a expandir as suas redes de carregamento, e nós estamos a concorrer para fornecer e operar esses postos. Até ao final do ano, devemos ultrapassar os 100 pontos de carregamento instalados.
A questão dos incentivos financeiros tem sido um desafio para o mercado?
Sem dúvida. Muitas empresas adiam investimentos em eficiência energética ou energias renováveis à espera de apoios ou fundos perdidos, como os do Portugal 2030 ou do PRR. O problema é que esses processos são lentos e burocráticos. As empresas ficam à espera durante meses ou até anos por uma resposta, quando, se tivessem avançado por conta própria, já teriam recuperado o investimento.
Por exemplo, uma central fotovoltaica pode ter um retorno de investimento de cerca de cinco anos. Se as empresas ficassem à espera de um fundo que só chega depois de dois ou três anos, estão a perder dinheiro que poderiam já estar a poupar. É um desafio grande, mas estamos a tentar educar o mercado para perceber que, em muitos casos, o retorno do investimento é suficientemente atrativo para avançar sem apoios.
Para terminar, que mensagem gostaria de deixar aos empresários que estão a considerar tornar as suas empresas mais ecoeficientes?
A minha mensagem é que vale a pena dedicar tempo a analisar estas questões. Muitas vezes, os empresários estão focados nos desafios do dia-a-dia — nos custos operacionais, nas matérias-primas — e acabam por adiar decisões importantes sobre eficiência energética e sustentabilidade. O que eu posso garantir é que os investimentos em energias renováveis, mobilidade elétrica e eficiência energética pagam-se a si próprios. E se o capital for um problema, há soluções de financiamento que podem ser exploradas.
Mais importante ainda, os empresários devem procurar parceiros especializados que possam gerir todo o processo de forma eficiente. Nós, na Ecoinside, garantimos que os projetos que implementamos entregam os resultados que prometemos. Acho que é isso que faz a diferença.
Na nossa oferta de produtos damos prioridade a linhas de amnisties feitas à base extratos de plantas, que não façam testes em animais e que usem preferencialmente plásticos reciclados nas embalagens ou que sejam em bambu ou outros materiais amigos do ambiente. E esta preocupação estende-se também a outras gamas de produtos como o papel, os detergentes… Evidentemente que ainda há um longo caminho a percorrer, e por isso na nossa oferta temos também outros produtos, porque infelizmente muitos dos produtos ecológicos são mais caros e embora façamos o nosso papel de consciencializar o cliente e informar, sabemos que muitas vezes o fator preço é ainda um grande influenciador. Nesse aspeto ainda temos, enquanto país, de criar medidas que possam facilitar a compra deste tipo de produtos. No entanto, a procura e a adesão é cada vez maior. Os próprios hóspedes já priorizam muito estas escolhas e se os estabelecimentos hoteleiros não se adequam a esta tendência podem facilmente não ser uma opção para os seus hóspedes. Além disso, estas escolhas refletem muito aquilo que somos. Não podemos pensar só em nós. O planeta é de todos e para todos.
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