UPREL investe cerca de 35 mil euros em central fotovoltaica

A UPREL – União de Produtores de Refrigerantes de Estarreja, Lda., com sede em Estarreja, vai investir cerca de 35 mil euros na criação de uma central fotovoltaica para a produção de energia, o que permitirá reduzir os custos energéticas. “Trata-se de um investimento de 35 mil euros só nos painéis solares, sendo que temos previsto que a recuperação do investimento aconteça em cerca de três anos. Este é um dos fatores que tem um grande peso na empresa”, referiu Abílio Silveira, diretor geral da UPREL. A central de energia fotovoltaica será instalada pela empresa ECOINSIDE, com sede em Vila Nova de Gaia, que trabalha, desde 2006, na área da sustentabilidade e da eficiência energética.

De acordo com Joaquim Guedes, CTO e sócio-fundador da ECOINSIDE, “no poupar é que está o ganho”. “Fizemos uma parceria com a UPREL, com vista a instalar uma central fotovoltaica, com 47 quilowatt, são cerca de 191 metros quadrados de painéis”, referiu Joaquim Guedes.

Mas esta não é uma central fotovoltaica habitual: este projeto será a estreia de uma nova técnica criada pela ECOINSIDE para a instalação de painéis solares. Neste caso, a instalação utilizará estruturas de betão, contrariamente à tradição técnica de estacaria metálica. Segundo o sócio-fundador, quando se fala de instalação no terreno, em centrais de grande dimensão, é usual colocar-se estacaria, que consiste em colocar uns pilares de metal diretamente no chão ou com perfuração. Já nas centrais mais pequenas, recorre-se a uma estrutura metálica apoiada num lancil de betão.

Assim, para a central fotovoltaica da UPREL foi desenvolvida uma estrutura amovível, com blocos de betão devidamente dimensionada para suportar o peso dos painéis “Essa estrutura de betão tem uma maior durabilidade e está preparada para podermos variar a inclinação dos painéis, adaptando-se à latitude do local em causa, para tirarmos o máximo proveito de energia”, revelou ainda Joaquim Guedes. Neste sentido, do ponto de vista da execução, esta técnica inovadora obriga apenas ao alisamento do terreno em questão, sendo que “não é um sistema intrusivo, como acontece com a estacaria”. A estrutura de betão possibilita uma obra mais rápida, carecendo de menos meios técnicos, tornando-se, por isso, numa solução mais barata. Foi construída de forma a aguentar as intempéries de todo o território português e não necessita de um estudo geotécnico profundo, uma vez que não existe estacaria.

A instalação da central fotovoltaica na UPREL está prevista para o início de Outubro e permitirá que a empresa fique 51,96% independente a nível energético da rede. “Ou seja, metade do gasto energético da UPREL será assegurado pelo sistema fotovoltaico, o que representa uma poupança anual de cerca de 7,5 mil euros”, acrescentou Joaquim Guedes. A ECOINSIDE será, então, responsável pela instalação da central, mas também ficará encarregue de a operar. “Um dos grandes desafios das energias renováveis para os investidores prende-se com a qualidade da engenharia e da instalação, porque isso é que vai fazer com que a central funcione corretamente. Depois, também temos de ter em conta a operação da própria central. A monitorização diária e constante possibilita a avaliação, em tempo real, das condições de radiação que chegam ao local. Se notarmos uma anomalia, uma equipa da ECOINSIDE deslocar-se-á ao local para a resolver”, ressalvou o responsável pela ECOINSIDE.

UPREL, UMA EMPRESA FAMILIAR COM HISTÓRIA

A UPREL nasceu em 1962, sendo resultante da junção de quatro empresas de refrigerantes que existiam nessa época na região. A empresa começou por produzir dois refrigerantes: a laranjada e a gasosa. “Inicialmente, a empresa funcionava apenas com os sócios fundadores. Aos sócios juntaram-se os seus filhos e ficaram cerca de nove sócios. Ora, se uns trabalhavam na produção, outros distribuíam e andavam no porta a porta a servir as mercearias”, contou Abílio Silveira. As primeiras instalações da empresa encontravam-se no centro de Estarreja, porém, depois em 1970, dado o constante crescimento, foi necessário ampliar as instalações, mudando-se para a Estrada Nacional 109, onde ainda permanece.  Anos mais tarde, a queda abrupta da maior parte das empresas de refrigerantes transformou-se numa oportunidade para a UPREL. “A empresa foi comprando essas marcas de refrigerantes, por isso, hoje a UPREL é detentora de marcas implementadas em diferentes mercados e locais”, acrescentou. Em 2009, a UPREL atingiu o seu pico de vendas, apresentando 1,8 milhões de euros de faturação, porém, em 2004, já se havia notado uma quebra na procura. “A UPREL nunca teve vendedores, porque não precisava disso. As pessoas vinham ter à UPREL, porque gostavam do produto, que tinha um preço interessante, uma imagem agradável e qualidade”, esclareceu Abílio Silveira.

Porém, outrora considerada “uma marca conceituada”, a UPREL entrou num declínio que se acentuou pela abertura das grandes superfícies e pelo encerramento do pequeno comércio (sector para o qual a UPREL mais vendia). Apesar de estar a perder clientes de ano para ano, durante cerca de duas décadas, a empresa manteve a mesma estratégia de venda. “Continuámos a vender o mesmo produto e da mesma forma. Então, apesar de ser uma empresa sólida financeiramente, economicamente estava a definhar”, disse o diretor-geral.

A reviravolta chegou em 2017, momento em que Abílio Silveira apresentou à gerência uma série de projetos, com o objetivo de reposicionar a empresa no mercado atual. Destaca-se a atualização da imagem visual da marca, a mudança da garrafa, a alteração do método de vendas, a redução dos custos, o aumento da produção, o desenvolvimento de novos produtos e, claro, o investimento na central fotovoltaica. “Tivemos de virar a agulha para a modernidade, quer em termos de imagem, quer em termos de produtos”, frisou Abílio Silveira.

Recentemente, a UPREL começou a apostar naquilo a que chamam de “produtos tendência”, de que são exemplo as suas duas novas linhas de produtos naturais e orgânicos: Zero e Green Queen. “As pessoas estão, cada vez mais, preocupadas com a saúde e querem produtos funcionais, ou seja, querem produtos que fazem bem a tudo. Têm sais minerais, uma série de propriedades para o sistema imunitário e digestivo”. Mas não só. A sustentabilidade também é uma preocupação, principalmente quando se alia à redução de custos. A empresa está a substituir os rótulos de papel por monoproduto, utilizando polipropileno (PP), ou seja, “em termos de reciclagem é mais simples, os rótulos de PP são mais baratos e estamos a baixar o custo do produto”. Os efeitos nefastos resultantes da poluição através do plástico é um dos temas mais debatidos na atualidade. “Há quem diga que o plástico é um problema. O plástico é o material mais nobre que existe à face da terra. O problema está na cultura ambiental das pessoas. Por que é que as pessoas metem as garrafas de vidro no vidrão e não metem as de  plástico? Atiram os plásticos para os rios e depois os peixes comem, e é um ciclo vicioso. Esse é que é o verdadeiro problema”, avançou Abílio Silveira. Em 2022, a UPREL irá lançar produtos em vidro e em PET 100% reciclável, com capacidade de um litro. “A nossa concorrência aposta, normalmente, em 1,5 litros ou 2 litros. Que tenhamos conhecimento, apenas existe uma água produzida assim da forma que vamos produzir”.

INVESTIMENTO É A PALAVRA-CHAVE

O diretor admitiu que estão a aprender “a competir de outra forma”, visto que não têm condições para competir através do preço com os «vizinhos” do mercado espanhol. “Temos de competir pela imagem, pela qualidade, por ser um produto português, por lembrar do antigo, terá de ser por aí, declarou. Em crescimento de 2017 até 2020, a pandemia de COVID-19 veio trazer mais um desafio. “Crescemos: até 2020, e nesse ano, voltámos a cair para os valores que tínhamos atingido em 2016. Concretamente, em 2020, caímos para 802 mil euros de faturação, quando em 2016, tínhamos tido 806 mil euros. Hoje, já temos 811 mil euros, portanto, já é previsível que este ano vamos num ritmo de crescimento”, confirmou. Ainda com problemas por solucionar; “o caminho é investir para nos modernizarmos, para melhorar a imagem e baixar os custos do produto”. Saiba que, atualmente, a UPREL enche cerca de duas mil garrafas por hora, no entanto, o objetivo é chegar às três mil garrafas por hora.

Diário de Aveiro – 19 DE SETEMBRO 2021 (PÁG.1/4/5)

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