“Foram 100 anos a pensar de maneira linear”. Esta é uma declaração da secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, referindo-se à mudança de 180 graus que as empresas terão que fazer ao longo desta década. O modelo linear “fazer e produzir” tem mesmo que ser reconvertido num modelo circular capaz de regenerar recurso. E não basta dizer-se que é sustentável: É preciso dar provas do “claim” verde que cada empresa diz adotar. Não restam muitas dúvidas que a mudança de paradigma vai exigir muito das empresas. A Ambiente Magazine foi ao encontro de várias empresas para saber como é que estas se estão a adaptar aos desafios climáticos e qual o caminho que têm feito nesse sentido.
Parceiro de excelência para tonar as cidades mais adaptadas às pessoas, mais eficientes e menos poluídas
Surgiu em 2006 e assume-se como uma tecnológica que nasceu com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável das diversas entidades portuguesas. A ECOINSIDE atua nas áreas da ecoeficiência, energias renováveis e sustentabilidade ambiental. Ao nível de operação, a empresa assegura cinco vertentes de negócio: as energias renováveis, a eficiência energética e hídrica (iluminação eficiente), a gestão de energia, a sustentabilidade (agricultura sustentável e elaboração de relatórios de sustentabilidade para a indústria e serviços) e a mobilidade elétrica (trabalhos chave na mão que contemplam as auditorias, projeto, instalação, operação, reparação e monitorização dos resultados). Desde sempre que a questão ambiental é central: “Queremos provar que ser sustentável e ambientalmente responsável não é mais caro, mas antes, resulta em poupanças significativas para as empresas”, destaca António Cunha Pereira, CEO da ECOINSIDE. Muito empenhados na diminuição da pegada ecológica nas operações, a empresa tem vindo a repensar a forma como pode torná-las menos onerosas ao nível ambiental. E um bom exemplo disso foi um projeto que levaram a cabo, no ano passado, na Escola Secundária de Canelas, em Vila Nova de Gaia, que tinha como propósito tornar a escola energeticamente mais eficiente, algo que passava, necessariamente, pela substituição das luminárias existentes por tecnologia LED: “O que fizemos foi substituir apenas o interior de cada luminária acabando por, no fundo, adaptar uma tecnologia à outra e reaproveitando grande parte dos componentes de cada lâmpada, diminuindo drasticamente os resíduos gerados”, explica.
O compromisso da empresa não se fica por aqui e, por isso, integram também a iniciativa Act4Nature Portugal, na qual se comprometem até ao final de 2021, em introduzir a biodiversidade na cadeia de valor; desenvolver ações de conservação e promoção da biodiversidade; definir um comité interno responsável pela estratégia e plano de ação para a promoção da biodiversidade; desenvolver um plano de ação local com parcerias para a promoção da biodiversidade; avaliar o impacto da atividade e definir indicadores de monitorização e atingir 90% de resíduos reutilizados ou reciclados. Durante os próximos cinco anos, a ECOINSIDE que ser também um “parceiro de excelência” para tonar as cidades mais adaptadas às pessoas, mais eficientes e menos poluídas, através da implementação de novas tecnologias que querem desenvolver. Outro objetivo da empresa é reforçar a presença a sul do país: “É um território com imensas potencialidades ao nível do solar fotovoltaico, graças ao seu clima mais estável e elevada exposição solar, ao longo de todo o ano”, afirma.
Ambiente Magazine Online – 05 MAIO 2021 (PARTI I/II)
Empresas mais sustentáveis ambientalmente são empresas mais viáveis e prósperas
Embora as indústrias sejam cruciais no cumprimento das metas europeias e portuguesas de neutralidade carbónica, António Cunha Pereira considera que mais importante são os consumidores, sendo eles quem obrigam as indústrias a mudar e a corresponder às suas exigências. E embora as indústrias tenham “alterado profundamente” e “assumido muitos compromissos” no sentido de se tornarem “mais responsáveis ambientalmente”, é certo que, esta necessidade, para além de “uma óbvia perceção crescente de que não podemos adiar mais a proteção ambiental e da biodiversidade”, é, essencialmente, “potenciada pelos consumidores mais despertos e atentos”, refere. Assim, o “impulso” por parte das pessoas e a “resposta adequada” por parte das empresas serão cruciais no rumo à neutralidade climática. Contudo, o CEO da ECOINSIDE considera que o esforço por parte das indústrias deve ser “acompanhado de apoios e incentivos musculados” por parte do Estado, garantido que “os fundos europeus são bem utilizados” e que se “centram na investigação, na implementação de tecnologias mais verdes, na reabilitação e na mudança de paradigma para um país e mundo ambientalmente, socialmente e economicamente sustentável”.
António Cunha Pereira não tem dúvidas de que a sustentabilidade e a economia são dois conceitos que não só são complementares como, cada vez mais, são indissociáveis: “Empresas mais sustentáveis ambientalmente são, de facto, empresas economicamente mais viáveis e prósperas”.
Relativamente aos entraves que possam existir a uma empresa que queira tornar-se mais sustentável, o responsável considera que os desafios são semelhantes em Portugal e no resto da Europa: “A grande diferença está na capacidade de investimento por parte das empresas e que se prevê serem supridos por fundos comunitários dirigidos para investimentos que permitam atingir as metas de neutralidade carbónica e proteção da biodiversidade definidas pela Comissão Europeia”. Mas, “existem soluções de investimento alternativas”, como é o caso das empresas de serviços energéticos como a ECOINSIDE que “fazem o investimento na implementação de uma tecnologia que permita ganhos financeiros por via da redução do consumo de energia”, sendo, depois, “remunerada pela poupança económica gerada”, ao mesmo tempo que “partilha uma parte dessa poupança com a empresa destinatária da solução”, explica.